Monday, August 6, 2012

As musas A gente sabe que elas existem porque ouve falar. Ou

As musas

A gente sabe que elas existem porque ouve falar. Ou cantar. Mas ver, eu nunca vi. Nunca conheci mulher musa, sabe. Do tipo que inspirou alguém. Eu mesma, que eu saiba, nunca inspirei ninguém. E acho que é uma tremenda falta de consideração você inspirar alguém e nem ficar sabendo. Melhor pensar que não sirvo como fonte de inspiração do que ser uma fonte desinformada. Uma musa sem noção.

Mas elas. As musas. Toda música é, aparentemente, feita para uma mulher. Pelo amor ou pela dor por uma mulher. Todo autor quer relembrar o tato, a textura da pele. O perfume que a madama deixou no travesseiro. Sem mencionar aquele tal de fio de cabelo, que todo mundo que está na casa dos 30 sabe muito bem do que estou falando. O que já esteve grudado em nosso suor. É isso, até a queda de cabelo acentuada da moça é inspiradora pro apaixonado.

Aquele jeito de andar. O doce balanço. O olhar onde eles se perdem. Ou os olhos que refletem. E os lábios. Musa que é musa tem lábios cheios de adjetivos. Doces. Suaves. Encantados. Lábio de musa não conhece o Inverno, nem precisa de manteiga de cacau. Moça Musa tem boca de algodão doce.

De volta à questão central deste post. Eu não conheço musa alguma. Só mulheres desiludidas. Ou chateadas. Ou na fila de espera. Só quem já levou bolo, ouviu mentira ainda ontem. Chorou por uma palavra meio atravessada. Eu só conheço mulheres que amam demais. Sem retorno. Ou pior, cujo retorno é a contra-mão.

Eu inclusive.

E não faz sentido nenhum. Porque, ao mesmo tempo em que lamentamos o fato de estarmos cercadas por homenzinhos-ogros, eles lamentam o abandono por parte de suas musas. Nós?

Ficamos assim. Separados por um abismo de incompreensão. Eles falam, mas às vezes não é do modo como queríamos ouvir.

Nós falamos. Muito mais do que eles podem suportar.

Vai ver é isso mesmo. O entendimento é feito em silêncio.
Ou por sinais, mudos.




Perceberam que falar de amor pode ser extremamente cafona, não é? Tomemos como lição. Mais ação, menos palavras então.

Menos o Chico.
O Chico pode.
E pode rimar meu nome com o que ele quiser.
Até fazer rima torta.
Ele pode.
Muso que é.

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