Friday, April 8, 2011

É só uma coisinha pra você Ou a incrível arte de presentear.

É só uma coisinha pra você

Ou a incrível arte de presentear. Ignorando o discurso de que é só mais uma data comercial, todo mundo - certo, quase todo mundo - se sente impelido a presentear as pessoas agora, no final do ano. Por consideração, convivência. Em agradecimento por qualquer coisa. Ou por muitas coisas. O fato é que muitas pessoas que conheço concordam comigo que presentear é uma delícia. Deve ser algum resquício de algo primitivo escondido lá no fundo do corpo agora civilizado. Em algum momento o ser humano quis ser agradável. Sobrou isso, Natal e aniversários pra gente canalizar essa vontade.
Só que não há um caminho largo nessa empreitada. É bem difícil, na realidade. Primeiro, a questão financeira. São tantas as pessoas pra tão pouca moeda corrente. E normalmente nossas intenções não são proporcionais a nossa possibilidade Real. E é aí que se esbarra no outro empecilho: será que ela - a pessoa a ser presenteada - vai gostar? Tem resposta na ponta da língua, não tem? " O que vale é a intenção" ou "Cavalo dado...". Mas a gente sabe que não é assim. E não queremos que seja assim. A gente quer que a pessoa se sita Golden Master Plus. No fundo, isso acaba sendo o mais interessante de tudo, porque nessa preocupação em provocar a reação perfeita, a alegria que pipoca ao abrir da caixa, mora o verdadeiro presente. O presente que o presenteado acaba nos dando, a prazer de saber que provocamos prazer. Ou seja, presentear é um ato imensamente egoísta, porque o que a gente quer, de verdade, é a alegria do outro, voltada pra nós. A coisa, o presente em si, é só uma embalagem bonita.


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